Nascido em 30 de setembro de 1992, em São Paulo, MC Daleste começou sua carreira no mundo do funk em 2009, ganhando destaque com músicas que abordavam temas como violência, amor e a realidade das comunidades periféricas. Seu estilo único, misturando letras impactantes com batidas envolventes, o tornou uma figura querida entre os fãs do gênero.
O cantor alcançou a fama nacional com hits como “Angra dos Reis”, “Apologia”, “São Paulo” e “Ostentação Fora do Normal”, que acumularam milhões de visualizações no YouTube e o colocaram no centro do cenário do funk ostentação, caracterizado pelo luxo e pela exibição de bens materiais. Sua carreira meteórica e sua morte trágica em pleno palco chocaram o país e levantaram questões sobre segurança, violência e o papel do funk na sociedade brasileira.
Quem foi MC Daleste?
Daniel Pedreira Sena Pellegrini, mais conhecido pelo seu nome artístico “MC Daleste” nasceu e cresceu no bairro Penha, Zona Leste de São Paulo. Daleste vem de uma família de baixa renda, sendo o mais novo de três irmãos.
Daleste teve a maior parte de sua infância bem sofrida e conturbada pela morte de sua mãe, que veio a falecer devido à complicação de um derrame sofrido. Ela, que sempre o incentivou a seguir com o sonho de ser artista e famoso para que pudesse dar melhor condição de vida para seus familiares. Na sua música “Minha História”, o cantor revelou que até completar treze anos, morava em um barraco feito de madeira que não possuía banheiro e que em diversas ocasiões passou fome por não ter o que comer.
Daniel só estudou até a oitava série e era um aluno indisciplinado, momento em que conheceu a sua esposa Érica Teixeira, com quem foi casado por cinco anos, até a data de sua morte.
A morte de MC Daleste no palco
O assassinato de Daniel Pedreira Sena Pellegrini, o MC Daleste, ira em 7 de julho de 2024 completar 11 anos. O crime aconteceu em Campinas, durante um show para cinco mil pessoas em uma festa julina no CDHU do bairro San Martin. O cantor foi levado às pressas para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu horas depois. A notícia da morte de Mc Daleste chocou seus fãs e repercutiu em todo o país.
Daleste morreu aos 20 anos, no auge da sua carreira. Na época do crime, o funkeiro se destacava dentro do estilo “funk ostentação” na periferia de São Paulo. Ele foi atingido por dois tiros quando estava em cima do palco e cantava para uma multidão. O primeiro tiro o atingiu de raspão na altura do braço. O cantor não percebeu o ferimento e continuou com o show. Na sequência, acabou atingido com um segundo tiro que o acertou no tórax.
O assassinato de Mc Daleste levantou questões sobre a segurança dos artistas de funk e a violência que permeia algumas comunidades. As investigações apontaram que o cantor foi morto por um disparo de arma de fogo de grosso calibre feito por um indivíduo que se invadiu o local do show e até hoje, não se sabe a identidade do atirador por isso, nunca foi preso. A tragédia gerou debates sobre a cultura da violência e a falta de estrutura nas periferias brasileiras.
Em fevereiro de 2024, estreou no Globoplay a série documental “MC Daleste – Mataram o Pobre Loco”. No total o documentário conta com quatro capítulos, o documentário investiga o assassinato de Daniel Pellegrini, mais conhecido pelo seu nome artistico MC Daleste – funkeiro paulista baleado no palco em 2013, durante um show em Campinas, São Paulo. O documentário revela novas pistas e testemunhas do crime, que continua sem resolução.
O que concluiu a investigação?
A reconstituição do crime no local foi feita pela Perícia Criminal uma sete dias depois do crime. Segundo estudos técnicos realizados pelo Instituto de Criminalística (IC), os dois tiros que mataram Daleste foram feitos a mais de 40 metros de distância do palco. Segundo investigação, o local utilizado pelo atirador para efetuar os disparos seria uma casa em construção localizada próximo ao local do show.
A Perícia também concluiu que os tiros teriam sido dados a uma altura de 1,70m a 1,80m do solo. A polícia também não conseguiu descobrir qual arma foi usada no crime, ja que a arma e nenhum projétil foi encontrada no local.
Segundo informou a polícia, o assassinato de MC Daleste foi praticado por um “profissional”, que tinha amplo conhecimento em armas de grosso calibre, estava longe de pessoas que poderiam o ver com a arma, atingiu o funkeiro em movimento e não deixou nenhum tipo de vestígio que o pudesse identificar. O tempo estimado em 40 minutos entre o crime e o conhecimento da policia sobre o crime também comprometeu a preservação do local para que as investigações fossem mais precisas
Sem nenhum suspeito em vista, na época do crime a polícia trabalhou com duas principais motivações para o crime, sendo eles o crime passional ou desavença com o contratante do show. Na época uma testemunha ouvida pela polícia afirmou que o funkeiro foi assassinado por ter se envolvido com a namorada de um integrante de uma facção criminosa. O que também não foi comprovado.
Em 2014, os inquéritos foram transferidos de Campinas para São Paulo, para ser investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. No entanto, devido à falta de provas, em junho de 2016, a Secretaria Estadual da Segurança Pública encerrou as investigações sobre o crime sem que houvesse qualquer conclusão de autoria ou motivação.
Legado e influência de Mc Daleste
Apesar de sua morte prematura, Mc Daleste deixou um legado significativo no cenário do funk. Sua música continuou a ser ouvida e sua história serviu de inspiração para outros artistas. Além disso, sua morte trouxe à tona questões importantes sobre a segurança dos artistas e a realidade das comunidades periféricas, contribuindo para debates mais amplos sobre violência e desigualdade no Brasil.
Mesmo após sua morte, Mc Daleste continua sendo uma figura influente no cenário do funk. Seu estilo único e suas letras impactantes continuam a inspirar novos artistas, que veem nele um exemplo de como a música pode ser usada para expressar a realidade das comunidades periféricas.
Além disso, a tragédia que culminou em sua morte trouxe à tona questões sociais e políticas importantes. O debate sobre a violência nas periferias, a falta de oportunidades para os jovens e a marginalização das comunidades mais pobres ganhou força, levando a um maior questionamento sobre as políticas públicas e a necessidade de investimento nessas áreas.
Em resumo, Mc Daleste foi um cantor que revolucionou o funk com suas músicas impactantes e seu estilo único. Sua morte trágica no palco deixou uma marca indelével no cenário musical brasileiro e levantou questões importantes sobre segurança e violência nas comunidades periféricas. Seu legado continua vivo entre seus fãs e seguidores, que o lembram como um ícone do funk brasileiro.
Reflexão sobre o funk e a violência no Brasil
A morte de Mc Daleste também reacendeu o debate sobre a relação entre o funk e a violência. Muitos críticos do gênero apontam para letras que exaltam o crime e a ostentação, enquanto os defensores argumentam que o funk é uma expressão artística legítima que reflete a realidade das comunidades marginalizadas. A falta de segurança e a presença do crime organizado são problemas persistentes que afetam milhões de pessoas em todo o país.
Nesse sentido, a morte de Mc Daleste não pode ser vista apenas como a perda de um talentoso artista, mas como um símbolo das lutas e desafios enfrentados por muitos brasileiros que vivem em condições precárias.
Para alguns, a morte de Daleste foi um exemplo extremo das consequências dessa violência, enquanto outros veem o episódio como mais um capítulo na longa história de discriminação e negligência em relação às periferias urbanas.
O impacto na cultura e na sociedade
A morte de Mc Daleste também teve um impacto significativo na cultura e na sociedade brasileira. O episódio gerou uma onda de comoção e solidariedade, com muitos artistas e fãs prestando homenagens ao cantor. Além disso, o caso levou a um aumento na conscientização sobre a violência nas periferias e a necessidade de políticas públicas mais eficazes para lidar com esse problema.
Conclusão
Mc Daleste foi muito mais do que apenas um cantor de funk. Sua música e sua vida representam as lutas e as esperanças de uma geração que busca por igualdade e justiça social. Sua morte trágica no palco pode ter calado sua voz, mas seu legado continua vivo, inspirando novas gerações a levantar a voz e lutar por um Brasil mais justo e igualitário.
Sua morte trágica no palco levantou questões importantes sobre segurança, violência e desigualdade no Brasil. Seu legado continua vivo através de sua música e das discussões que sua morte provocou, tornando-o uma figura emblemática que será lembrada pra sempre.