Os sistemas de monocultura e sucessão de culturas estão acabando com os solos brasileiros. Veja como a rotação de culturas minimiza esse problema.
Você tem percebido que o solo não tem dado o mesmo retorno de antes, mesmo com a plantação recebendo todos os cuidados necessários?
Um novo carretel de irrigação e uso de bons defensivos são importantes para o cultivo de uma boa safra, mas não são o suficiente para manter todas as pragas, doenças e plantas daninhas distantes.
Hábitos agrícolas de monocultura e sucessão de culturas desgastam a terra sem dar tempo suficiente para que ela possa se recuperar.
Novos hábitos podem gerar safras mais sustentáveis e economicamente viáveis. Entenda o que é rotação de culturas, quais as vantagens e como fazê-la.
O que é rotação de culturas
A rotação de culturas é a alternância de espécies vegetais em um espaço por um determinado tempo, durante a mesma estação.
A rotação de culturas deve ser feita de forma ordenada, já que a escolha das espécies precisa ter um objetivo comercial, mas também de recuperação do solo. É, portanto, uma escolha sustentável de plantio, já que se preocupa com questões ambientais sem abrir mão do lado econômico.
Apesar de parecer nova, a rotação de culturas é praticada desde a Antiguidade. Era, aliás, uma exigência para que as lavouras pudessem se desenvolver e a produção não decaísse com o passar dos anos.
Veja também: Conheça os principais tipos de cervejas
O tempo e o surgimento de novas tecnologias, no entanto, fizeram com que a cultura de poucas espécies se tornasse algo padrão, contudo, embora esta traga bons resultados em um período menor, acaba com o solo em médio e longo prazos. Por isso a importância da rotação de culturas.
E por que a variedade de plantações é mais benéfica ao solo? A explicação é simples: uma mesma cultura proporciona as mesmas pragas e, consequentemente, as mesmas exigências de fertilização e, até mesmo, de defensivos.
Com o tempo, esses organismos acabam se tornando resistentes aos herbicidas, o que faz com que o controle fique cada vez mais complicado.
Importância para a plantação e para o meio ambiente
Tanto a monocultura (única cultura por várias safras) quanto a sucessão de culturas (alternância entre duas culturas durante cada estação do ano) provocam a degradação química, física e biológica do solo. Mas o prejuízo não fica limitado ao lado sustentável: a produtividade também diminui, já que o ambiente fica mais propício a ser atacado por pragas e plantas daninhas.
O mais interessante da rotação de culturas é que ela não só é capaz de minimizar esses danos, como também pode revertê-los. Além disso, viabiliza a vida de mais espécies.
Outra vantagem é que a rotação de culturas aumenta o controle de plantas daninhas ao longo dos anos, já que elas não têm tempo de se defender, nem ficam por muito tempo tendo contato com o mesmo herbicida. Os princípios ativos dos defensivos também se alternam.
Por fim, a rotação de culturas direta ainda protege o solo dos agentes climáticos, viabiliza o sistema de semeadura direta (no qual não há necessidade do prévio revolvimento com arados e grades), permite a reposição da matéria orgânica e, claro, aumenta a produtividade do solo em longo prazo.
Como fazer a rotação de culturas
A rotação de culturas necessita de muito planejamento antes de sua implementação. Isso porque uma das suas desvantagens é a necessidade de maquinário preparado, portanto, é preciso ter certeza de que o sistema é economicamente viável.
O agricultor pode optar entre fazer uma rotação de culturas anuais (soja, milho, arroz, algodão e feijão) ou de culturas anuais e pastagem. É a chamada Integração Lavoura-Pecuária (ILP), sistema em que o produtor alterna entre o cultivo e a pastagem para o gado ao longo do tempo.
O importante é que a escolha seja feita com o objetivo de se obter grande quantidade de biomassa. Outro aspecto essencial é preferir plantas fixadoras de oxigênio para promover a reciclagem de nutrientes.