O nível de correlação entre os ativos da sua carteira é determinante para o seu sucesso como investidor.
Entre os conceitos mais importantes na hora de montar uma carteira de investimentos que entregue bons resultados, mesmo em cenários de crise, estão os de correlação e descorrelação entre ativos.
É muito comum dizer que dois ativos são correlacionados quando se movem, em maior ou menor grau, na mesma direção, diante das mesmas condições de mercado. Assim, por exemplo, fundos de investimento compostos por ações de grandes empresas tendem a ter alta correlação com índices de referência baseados em volume de negociação, como é o caso do Ibovespa, na B3.
Por outro lado, dizemos que dois ativos são descorrelacionados quando o desempenho de um não influencia o do outro, já que os fundamentos dos mercados nos quais estão inseridos são diferentes.
Isso mostra que o grau de correlação entre os ativos de uma carteira é extremamente importante na gestão de risco e pode ser determinante para o seu sucesso como investidor. A seguir, vamos entender melhor esses dois conceitos-chave e saber como você pode utilizá-los a seu favor para montar uma carteira sólida e imune a crises.
O que é correlação em investimentos?
A correlação no mundo das finanças e investimentos é um dado estatístico que mostra o grau de afinidade entre os movimentos de dois ativos ou variáveis nas mesmas condições de mercado. Esse conceito é amplamente utilizado na gestão de portfólios para medir o nível de risco de uma carteira.
De modo geral, os investidores comparam o desempenho de um índice de referência, como o Ibovespa, à intensidade com que um componente da carteira se valoriza ou desvaloriza no mesmo período. Com isso, conseguem calibrar melhor suas expectativas de resultados. Essa comparação é determinada numericamente através do chamado “coeficiente de correlação”, que varia de -1,0 a 1,0.
Dessa forma, dois ativos têm correlação positiva perfeita quando seu coeficiente de correlação é exatamente 1. Por outro lado, quando dois ativos têm correlação negativa perfeita, eles se movem em direções completamente opostas e seu coeficiente de correlação é exatamente -1.
Já quando seu coeficiente de correlação é zero, significa que não há qualquer relação linear entre eles, ou seja, são ativos descorrelacionados (ou não correlacionados).
Por que o conceito de correlação é importante?
O conceito de correlação é fundamental para reduzir o risco de uma carteira através da diversificação. Isso porque quando os ativos de um portfólio são muito correlacionados, o risco de um deles pode se disseminar por todos os outros, intensificando as perdas em momentos de correção ou queda do mercado.
Para gerenciar melhor o risco na hora de investir, é importante buscar ativos com pouca ou nenhuma correlação entre si.
Outra boa prática eficiente de gestão de risco é diversificar as classes e subclasses dos ativos, bem como os setores nos quais estão inseridos. Isso permite reduzir o grau de correlação entre os ativos, garantindo mais robustez e resiliência à sua carteira.
Exemplos de correlação e descorrelação de ativos
Muitos investidores desejam ter exposição ao desempenho de uma commodity, por exemplo, mas preferem não investir diretamente no ativo por conta de suas fortes oscilações. É o que acontece, por exemplo, com o petróleo e o minério de ferro, cujas variações diárias podem, muitas vezes, chegar a dois dígitos.
Uma forma de ter exposição a essas commodities seria investir em empresas que as produzem, já que suas ações são menos voláteis, isto é, oscilam menos, mas guardam boa correlação com a cotação do produto no mercado. Esse é um exemplo de correlação positiva.
Como exemplo de correlação negativa, podemos citar uma estratégia muito utilizada para se proteger contra quedas do mercado: os contratos de opções de venda. Assim, quando as ações de uma empresa caem, suas opções de venda se valorizam, reduzindo em parte ou completamente as perdas.
Por fim, também é muito importante diversificar a carteira com ativos descorrelacionados, ou seja, cuja rentabilidade não é influenciada pelos fundamentos de outro mercado.
Uma forma eficiente de fazer isso é investir em empreendimentos da economia real, como a construção de casas para aluguel, por exemplo, pois a valorização do imóvel e a renda proveniente dos aluguéis não têm correlação direta com as oscilações da bolsa de valores.
Assim, em momento de alta da inflação, você se protege com um ativo real (imóvel) e pode continuar recebendo os pagamentos dos seus inquilinos, mesmo em ciclos de queda do mercado financeiro.
Podemos ver, portanto, que a gestão do nível de correlação dos ativos da sua carteira é crucial para o seu sucesso como investidor e para a construção de um patrimônio que resista (ou até mesmo cresça) em momentos de turbulência política e incerteza econômica.