Neste artigo, o psicanalista Guilherme Bernardino responde algumas perguntas frequentes sobre a Síndrome de Burnout.
Antes de mais nada, o que é a Síndrome de Burnout?
Segundo Guilherme Bernardino, a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um transtorno emocional com sintomas de fadiga extrema, estresse e esgotamento físico decorrentes de situações de trabalho estressantes que exigem muita competitividade ou responsabilidade.
A principal causa da doença é o tempo excessivo de trabalho. Essa síndrome é mais comum em profissionais que trabalham diariamente sob pressão e com responsabilidade constante, como:
- Médicos
- Enfermeiros
- Professores
- Policiais
- Jornalistas
Essa síndrome pode levar à depressão profunda comprometendo sua saúde física e mental, portanto, é importante procurar ajuda profissional quando os primeiros sintomas aparecerem.
Agora que já sabemos o que é a Síndrome de Burnout vamos ver algumas perguntas que o psicanalista Guilherme Bernardino mais tem recebido.
1.Quais os fatores que desencadeiam a Síndrome de Burnout?
A síndrome de burnout pode ser desencadeada por vários motivos. Os principais problemas incluem exposição prolongada ao estresse no trabalho, exaustão emocional, sobrecarga, liderança abusiva, falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, excesso de trabalho e falta de descanso ou tempo livre, conflitos interpessoais com supervisores, gerência ou colegas, alto volume de responsabilidade, jornada de trabalho longa ou dupla etc.
Dentre esses fatores, geralmente há associação de vários em conjunto, o que é compatível com o aparecimento da síndrome.
2.A síndrome de Burnout surge em janeiro de 2022. Está relacionada ao cenário Covid19?
Segundo Guilherme, embora a Covid não seja um fator exclusivo na causa da Síndrome de Burnout, esse cenário pode ter contribuído para desencadeá-la.
É preciso lembrar, como mencionado na resposta anterior, que vários fatores podem atuar simultaneamente e permitir que a síndrome apareça.
Considerando que o trabalhador já sofria de altos níveis de estresse laboral, desgaste emocional e desequilíbrio entre vida profissional e pessoal, o cenário de pandemia, que gerou incerteza, ansiedade e insegurança e pode sim ter contribuído para o aumento desse estresse, das preocupações e o choque emocional desse trabalhador, que culminou no desenvolvimento da Síndrome de Burnout.
3.Qual a diferença entre depressão, estresse e síndrome de burnout?
Depressão
A depressão é uma doença psiquiátrica, multifatorial, incluindo aspectos biológicos, psicológicos e ambientais, comumente identificada por seus principais sintomas como tristeza profunda, perda de apetite, falta de motivação, pensamentos suicidas, falta de esperança no futuro, desânimo, entre outros sintomas, que podem durar muito tempo e ao mesmo tempo se manifestar no indivíduo.
Estresse
O estresse é uma reação do próprio organismo, por meio da produção de hormônios, principalmente a adrenalina, que permitem ao indivíduo participar de um evento específico em sua vida.
O desenvolvimento do estresse está relacionado a diversos fatores e varia em intensidade de pessoa para pessoa.
Embora o estresse seja um estado de fuga ou luta, quando constante ou excessivo, contribui para o desencadeamento de outras doenças, síndromes ou distúrbios.
Síndrome de Burnout
Já a síndrome de burnout é um transtorno emocional, cujos fatores foram descritos na primeira questão, e que pode afetar o indivíduo, principalmente nos aspectos profissionais e interpessoais.
A diferença, portanto, é principalmente que, como a depressão é uma doença psiquiátrica em que na maioria dos casos há carência de intervenções terapêuticas e farmacológicas, o estresse é uma reação natural do corpo diante de um evento incomum que carece de atenção psicoterapêutica, principalmente quando é de intensidade e/ou frequência excessiva.
Já a síndrome de burnout é uma desregulação emocional cujas intervenções podem ser psicoterapêuticas, incluindo resignação mental, mudanças de comportamento, manejo adequado de situações interpessoais e/ou profissionais e, se necessário, terapia medicamentosa.
4.Como o RH de uma empresa pode identificar e prevenir a Síndrome de Burnout em seus colaboradores?
São diversas as ações que um departamento de RH pode promover para identificar ou até mesmo evitar a Síndrome de Burnout em seus colaboradores.
Dentre essas medidas podemos citar a fiscalização da gestão e liderança de cada setor, evitar cobranças excessivas, comportamentos autoritários e abusivos por parte dos superiores, Incentivar treinamentos frequentes para que o colaborador se sinta mais preparado e confiante, promover ações que promovam a integração, o tempo livre, a harmonia e o bem-estar de todos os colaboradores, promover campanhas ou programas de apoio psicológico aos trabalhadores, estabelecer canais diretos de comunicação, anônimos ou não, por meio dos quais os trabalhadores possam denunciar problemas que possam estar em curso ou até agravados entre outras ações.
5.Você acha que a Síndrome de Burnout pode realmente estar ligado às gerações de 1981 e 1995?
Não necessariamente. Em primeiro lugar, deve-se considerar que a geração de 1981 a 1995 conhecida como Millennials são indivíduos nascidos em uma era de grande expansão tecnológica que trouxe grandes esperanças e mudanças nas relações sociais e profissionais.
São pessoas que estão constantemente em contato com informações e em busca de melhores condições, seja na vida, na saúde ou no trabalho.
Em termos de Síndrome de Burnout, essa geração pode ser mais vulnerável, pois atua mais com objetivos e valores pessoais e se encontra em um ambiente em que não se conforma com essas percepções e é pressionada por dificuldades políticas e econômicas para desenvolver a Síndrome.
Por outro lado, vale lembrar que os fatores desencadeantes respondidos na primeira questão também funcionam para outras gerações, e como os Millennials estão em constante contato tecnológico e informacional, eles também podem desenvolver estratégias mais efetivas para prevenir a síndrome. Portanto, o termo relacionado deve ser analisado com cautela para evitar generalizações.
6.O que você acha que as pessoas deveriam saber sobre a síndrome de Burnout e o que deveriam fazer para tratá-la?
Sem dúvidas as primeiras informações sobre causas, sintomas e prevenção são muito importantes.
Com as informações, a pessoa consegue distinguir os fatores e consequentemente desenvolver suas próprias estratégias ou buscar soluções terapêuticas que possam auxiliá-la com esses problemas.
7.Como você vê o problema da síndrome de Burnout em relação a essa nova geração? Haverá mais preocupação?
É difícil fazer uma análise completa sobre essa pergunta. Pessoalmente, acredito que as novas gerações encontraram um mundo com maiores oportunidades diante dos complexos avanços tecnológicos e científicos.
A questão é como essa geração saberá agir em meio a tantas opções, será encarada como uma possibilidade ou algum outro aspecto que coloca em risco sua responsabilidade, aumenta sua frustração e consequentemente afeta seu estado emocional a ponto de desencadear cada vez mais a síndrome de burnout.
8.Quando você acha que é o momento certo para parar e descansar?
Na minha opinião, deve haver um equilíbrio entre trabalho e vida privada. O tempo pode se tornar relativo para cada pessoa, mas acredito que no momento em que aspectos profissionais ou pessoais relacionados ao trabalho estão afetando sua saúde mental, vida pessoal e familiar.
Quando tudo parece ser trabalho, o momento deve ser de parar e analisar as expectativas , pontos positivos e negativos e a partir dessa análise adotar estratégias que possam remediar a situação, seja mudanças na percepção, no comportamento ou mesmo na busca profissional .
9.Qual a diferença entre ansiedade e transtornos de ansiedade?
A ansiedade é uma reação de medo natural em humanos que os prepara para situações perigosas reais. Em algumas situações, essa condição pode até ser vital.
O transtorno de ansiedade é caracterizado principalmente pelo medo excessivo que é generalizado principalmente a situações que representam perigo irreal para o indivíduo.
10.Durante a pandemia houve um aumento de casos de depressão, suicídio e alguns transtornos. Qual sua opinião sobre isso?
A pandemia da Covid-19 tem sido, sem dúvida, uma realidade inusitada para a vida das pessoas. Seu surgimento repentino e com grande poder de transmissão, que levou a medidas extremas de segurança como isolamento, cessação das atividades profissionais e educacionais, entre outras.
Esses fatores provocaram uma série de emoções na vida das pessoas e contribuiu para o grande número de mortes e infecções que causaram grandes medos, inseguranças e receios sobre a situação atual e futura a vários níveis, desde o sanitário ao económico, e contribuindo para o atraso no desenvolvimento de vacinas e o descrédito associado, contribuíram significativamente para o aumento dos casos de depressão, perturbações de ansiedade, suicídios, etc.
Então, se identificou com alguma das perguntas acima? Para muitos, a resposta será sim. Pois grande parte dos brasileiros enfrentam uma jornada exaustiva no trabalho.
Sobre o psicanalista Guilherme Bernardino
Guilherme Bernardino tem 25 anos e cresceu no interior do Paraná, retornando tempos depois para São Paulo para dedicar-se aos estudos. Atualmente reside e atua como psicanalista em Americana-SP
Guilherme atua como psicanalista há 2 anos. Além disso, ele atua como conselheiro e membro da diretoria do Conselho Municipal de Saúde de Americana.
Além de Psicanalista, Guilherme Bernardino também estuda Psicologia em uma universidade local. O jovem psicanalista é um pesquisador de temas pertinentes à saúde pública e saúde mental.
Algumas experiências em cursos do psicanalista Guilherme Bernardino:
- Comportamento Suicida: Avaliação e Manejo – (120h) pela Artmed
- Saúde Mental e Atenção Psicossocial: Reconstrução Pós-desastres e emergências em saúde pública – (50h) pela Fiocruz de Brasília.
- Extensão em “Ciências Neurológicas e Saúde Mental – (180h) pela Faculdade Única de Ipatinga
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