Saber como lidar com a abstinência é importante para quem é dependente químico ou tem alguém assim na família. A abstinência é um problema muito sério e que pode, além de encaminhar a pessoa para a recaída, ainda pode causar problemas seríssimos no organismo, tanto do ponto de vista físico, quanto mental (saiba mais neste artigo do blog Viver Sem Drogas).
Atualmente, só na Cracolândia de São Paulo, são 56 mil pessoas recebendo tratamento contínuo de saúde (muitos outros que não recebem esse tratamento). Isso considerando apenas uma região da cidade. Se levarmos em consideração o país inteiro, o número é muito maior. Conforme aponta pesquisa da Fiocruz, o número de pessoas que consome alguma substância química regularmente é de algumas dezenas de milhões atualmente.
Com tanta normalização do consumo de drogas na nossa sociedade, fica muito difícil para os dependentes evitarem a recaída. Quer aprender como lidar com a abstinência? Vamos ver a seguir!
O que é a abstinência?
A abstinência é um processo do corpo humano em que ele sente falta da substância química a qual ficou dependente. É um processo que ocorre com todo dependente químico quando começa a passar pela reabilitação ou quando fica um tempo sem usar a droga na qual é dependente. Por isso, é também o maior obstáculo para quem tenta se livrar da dependência química, que tem cura.
A abstinência nasce justamente do mecanismo que causa a dependência química. O que acontece é mais ou menos o seguinte, explicando de forma bem superficial:
O cérebro humano conta com um mecanismo de recompensa para poder direcionar o nosso desenvolvimento da melhor forma possível. Por exemplo, quando fazemos coisas que são positivas para nossa vida, recebemos uma dose de hormônios positivos.
De certa forma, é como o adestramento de animais como cachorro e gato: sempre que eles fazem a ação desejada, ganham um biscoitinho. Eventualmente, aprendem o comando e repetem sem problemas. Isso, claro, explicando de forma bem superficial sobre o assunto.
O que acontece é que as substâncias químicas psicoativas, como o café, o álcool, a maconha, cocaína, heroína e outras, são capazes de burlar esse sistema. Na verdade, elas alteram os parâmetros do sistema e causam dependência.
Isso porque elas ativam o sistema de recompensas para liberar hormônios de prazer no nosso corpo. No entanto, elas também vão destruindo a sensibilidade para sentir esses hormônios. Assim, a cada dose, precisamos de uma quantidade maior de hormônios. Isso vicia o organismo que, sem conseguir sentir os hormônios de prazer, acaba indo atrás de mais doses e em intervalos cada vez menores.
Quando o organismo fica sem a substância por tempo suficiente, ele entra em um tipo de choque, que é a abstinência. Ela tem sintomas mentais e físicos e oferece um risco concreto não só de recaída, como de segurança mesmo. Por isso é um desafio tão grande lidar com ela.
Quais são os seus sintomas?
A abstinência pode acontecer em duas formas diferentes. A primeira delas é a SAA (Síndrome de Abstinência Aguda), que ocorre no momento mais recente da abstenção do uso de drogas, normalmente logo nos primeiros dias sem a substância que causa dependência. Já a segunda é a SAD (Síndrome de Abstinência Demorado), que ocorre em intervalos de tempo depois que o corpo já foi desintoxicado da substância. É algo relativamente comum em quem está em tratamento e pode ocorrer em intervalos de dias, meses ou anos.
Existem muitos sintomas da abstinência, cuja intensidade varia de acordo com cada crise. O padrão é que as crises fiquem mais intensas conforme se aumenta o tempo sem a substância química (no caso da SAA, pelo menos), mas não há uma regra de como acontecerá com cada pessoa. Os sintomas físicos mais comuns são:
- sudorese;
- dores no corpo;
- náuseas;
- pupilas dilatadas;
- taquicardia;
- vômitos;
- diarreia;
- tremores;
- hipertensão;
- febre;
- convulsão (nos casos mais intensos).
É importante ter em mente que a convulsão pode causar problemas sérios, dependendo do contexto. Por isso é importante ter o apoio de uma equipe médica nos momentos de desintoxicação para poder lidar com isso.
Além desses sintomas físicos, existem alguns sintomas comportamentais, que afetam a maneira como a pessoa se comporta. São eles:
- ansiedade;
- irracionalidade;
- irritabilidade;
- insônia;
- oscilações de humor.
Por fim, existem também alguns sintomas de ordem psicológica, tanto em situações de crises agudas, quanto de crises demoradas. Esses problemas podem causar recaídas, mas também danos sérios à saúde da pessoa. Por isso é importante ter acompanhamento psicológico no período de recuperação. Veja alguns sintomas:
- depressão;
- alucinações;
- ataques de pânico;
- confusão mental.
Como lidar com a abstinência?
A abstinência é um problema sério e não deve ser negligenciado. O primeiro passo é reconhecer os sintomas e entender como tratá-los. No caso de SAA, o ideal é deixar a pessoa dependente sob observação em uma clínica especializada no assunto, para poder lidar com a situação da melhor forma.
Já no caso da SAD, o ideal é ter um acompanhamento de um psicólogo especializado no assunto, para que ele possa passar uma série de ações a realizar nos momentos de crise.
Agora que você já viu como lidar com a abstinência, quais são os sintomas desse problema e outras informações úteis, pode colocar tudo isso em prática para tentar ultrapassar esse momento tão crítico da recuperação contra a dependência química. O momento de abstinência é crítico para quem se desintoxicar e tentar superar o seu vício em qualquer substância que seja.
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